O choro faz parte da vida da criança e, nomeadamente, das crianças muito pequenas.
O bebé pode chorar por ter fome, por sentir a fralda molhada, por ter sono ou até por birra reclamando que peguem nele ao colo por precisar de "mimos". O choro poderá também ser explicado pelas chamadas "cólicas", situação algo misteriosa não perfeitamente explicada.
Iniciam-se habitualmente durante o primeiro ano de vida prolongando-se até cerca dos 4 meses. Poderão ser explicadas por deglutição de ar (aerofagia), por imaturidade do aparelho digestivo, por tensão emocional dos pais – sobretudo da mãe – ou por alergia ao leite de vaca. As crianças com cólicas têm crises diárias de choro, ficam muito congestionadas, flectindo repetidamente os joelhos sobre a barriga. Tais crises são em geral mais intensas quando a criança está a mamar, havendo tendência para largar o mamilo. Dum modo geral as crianças com cólicas crescem bem e têm uma saúde próspera. Por vezes a mãe julga que se trata de uma rejeição do leite; pelo contrário, o choro relacionado com fome surge antes da mamada, próximo da hora da mesma.
Então, o que poderá fazer para prevenir ou minorar a situação? Há meia dúzia de regras simples:
• A refeição/mamada deve ser dada num ambiente calmo, sem pressa e sem pessoas à volta.
• A deglutição de ar deve ser evitada: as mamadas não devem ultrapassar os 20 minutos, a tetina do biberão deverá ter o orifício adequado, a posição do biberão deverá evitar a entrada de ar – o nível do leite do biberão deve estar sempre acima do bucal do biberão.
• Música suave e uma botija de água quente sobre a barriga.
• Também uma conversa calma com os pais poderá reduzir a tensão emocional de ambos.No caso de surgirem mesmo, as crianças podem sentir algum alívio se colocadas de barriga para baixo (esta posição nunca para dormir!) comprimindo ligeiramente a barriga e flectindo ligeiramente os joelhos e as coxas.Antiespasmódicos ou antiflatulentes em gotas poderão ter algum efeito "psicológico". Mas é necessário os pais estarem mentalizados para casos mais renitentes. Bastará então alguma resignação pois o problema passará pelos 4-5 meses. E optimismo, pois nos casos de verdadeiras cólicas os bebés aumentam bem de peso e desenvolvem-se bem.
Prof. Doutor João Videira do Amaral - Director da Clínica Universitária
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