Leites de Crescimento - A verdade
O leite enriquecido para crianças é «dispensável» para o bom crescimento dos mais pequenos, alertou hoje a DECO, ressalvando que aquele produto pode beneficiar apenas os que têm falta de apetite, mas sempre por indicação do médico.
A edição de Fevereiro/Março da revista Teste Saúde, da associação para a defesa dos direitos dos consumidores DECO, publica as conclusões de uma análise a nove tipos daquele leite, de um aos três anos e a partir dos três anos.
Do leite recomendado até aos três anos, a DECO examinou amostras - compradas em Março do ano passado - das marcas Continente, Nestlé (crescimento 1+, com e sem cereais) Parmalat, President e Mimosa.
Para crianças a partir dos três anos analisou os leites de crescimento da Mimosa, Continente e Nestlé, sendo todas as amostras comparadas com leite de vaca meio gordo.
«Os fabricantes usam o argumento de que estas bebidas são enriquecidas com vitaminas e minerais. A maioria é rica nestes nutrientes, o que pode ser interessante para crianças com falta de apetite. Mas, se a criança tiver uma alimentação equilibrada, estes produtos são dispensáveis», lê-se na revista.
Uma alimentação variada e equilibrada - rica em fruta, vegetais, cereais, ovos e peixe gordo - é suficiente para satisfazer as necessidades dos mais pequenos, acrescentam os especialistas da DECO.
Dizer que os leites enriquecidos são essenciais para o crescimento, como se pode ler em alguns rótulos dos leites enriquecidos, constitui apenas uma operação de marketing, «que se pode pagar bem cara».
Enquanto um litro de leite de vaca meio-gordo custa entre 60 e 76 cêntimos, os leitos ditos de crescimento podem custar duas a três vezes mais.
«Por isso, decidimos não atribuir o nosso título de escolha acertada», refere a DECO na revista, tendo sido atribuído àqueles nove tipos de leite enriquecido apreciações globais que oscilaram entre as classificações Bom e Médio.
Da análise das amostras, os especialistas da DECO concluíram que se trata de leite de vaca aos quais alguns fabricantes adicionam açúcar, aroma a baunilha ou cereais, nalguns casos, ou de leite enriquecido com vitaminas, minerais e/ou ácidos gordos essenciais, noutros casos.
No caso do leite para crianças até aos três anos, a maioria das amostras revelou ter mais calorias do que o leite de vaca meio-gordo, sendo os mais calóricos os das marcas Nestlé e o Mimosa Crescimento 1 a 3 anos.
«São também estes produtos que contêm sacarose adicionada (açúcar), ao contrário do leite de vaca que apenas contém lactose. Adoçar o leite com açúcar ou cereais aumenta a ingestão de hidratos de carbono e de calorias», lê-se na revista.
Os especialistas da DECO lembram que outra desvantagem, de adoçar o leite, é habituar os mais pequenos ao sabor doce, dificultando a adaptação ao sabor natural dos alimentos, e criando um mau hábito que pode contribuir mais tarde para a obesidade e para as cáries dentárias. "
Diário Digital / Lusa
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